Quem avista a estrada do Pontal Barra, no final da avenida Antônio Augusto Assumpção Júnior, no Laranjal, tem a impressão que o acesso está liberado. Mas basta andar alguns quilômetros para o carro começar a "patinar" no areião no trecho atingido pelo avanço da água da Lagoa dos Patos desde a enchente do início de setembro do ano passado. Pela contagem já vão ser 120 dias de isolamento, com alguma prospecção: uma recuperação emergencial da estrada a partir do dia 15 deste mês. Por enquanto, a comunidade ainda faz o percurso de barco, a pé ou de bicicleta.

Em pleno veraneio, quando o Laranjal é invadido por turistas e veranistas que buscam no Pontal da Barra um lugar de refúgio, descanso ou simplesmente de lazer pela beleza do pôr do sol, além do comércio local que oferece uma ótima gastronomia voltada aos frutos da Lagoa, acabam por procurar outras alternativas. Já para quem mora, a situação é estarrecedora. "Esperei terminar o ano letivo do meu filho para deixar o Pontal. Estou vivendo de aluguel na cidade, pois não tinha como trabalhar e cursar uma faculdade estando isolada", disse a acadêmica em Pedagogia, Natali Sanches, que em setembro teve a água invadida pela água. Ela conta que das visitas, acompanhada de promessas, da prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) no local, nem mesmo os coletes salva-vidas solicitado para o filho fazer o percurso até o Valverde foi atendido.

Na entrevista de final de ano ao Diário Popular, a chefe do Executivo disse que a estrada é uma questão complexa. A areia está sobre um banhado, portanto não tem como fazer o acesso, a não ser investindo alto, e com consequências ambientais. Ficou decidido fazer uma recuperação emergencial este mês, cujo valor será de R$ 700 mil. Paula disse ainda que há um protocolo na Defesa Civil Nacional para contratar o projeto que demanda muito estudo para fazer uma estrada definitiva.

A pescadora Célia Carvalho conta que as obras - segundo a última ida da prefeita ao Pontal - devem iniciar a partir do dia 15 de janeiro. "A estrada paliativa é para nos quebrar um galho. Já o acesso feito até onde vocês foram (reportagem) é para não caminharmos tanto. Mas os carros estão indo até ali e prejudicando a nossa passagem", comentou. A secretária de Serviços Urbanos e Infraestrutura, Lúcia Amaro, diz que tem sido feita a manutenção dos primeiros 300 metros onde a via encontra-se ainda sobre o traçado original da antiga estrada, portanto, firme para que se possa trabalhar com patrolas. A partir de um determinado trecho, a estrada deslocou-se com as cheias da Lagoa, para o interior do banhado à direita.

Diante dessa situação, com 120 dias de interdição, além da saída forçada de alguns moradores do Pontal da Barra, quem fica, amarga a falta de consumidores. "Sem estrada, não tem como trabalhar", lamentou Célia.

Obra a vista

O Município está finalizando a contratação da empresa que irá realizar o serviço emergencial. Já foram recebidos R$ 400 mil destinados pela Defesa Civil do Estado e a obra está orçada em aproximadamente R$ 700 mil. A expectativa é de que haja direcionamento de algumas emendas impositivas para o projeto. Sobre o projeto de recuperação da estrada protocolado junto à Defesa Civil Nacional, há expectativa de liberação de recursos.

Já a autorização ambiental para a realização da obra, por parte da Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA), deve ser liberada nos próximos dias. O trabalho de recuperação deve iniciar ainda em janeiro e o prazo de conclusão é de 30 a 45 dias.